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Substituído, professor do Lato Sensu faz desabafo sobre comportamento atual de alunos

"Alunos imitando lutas de boxe – e com o professor presente ; alunos namorando escondido no pátio da escola; alunos fora da sala de aula". Leia o relato completo.

Colégio Lato Sensu, de Manaus.

O professor Antônio Vilela Cardoso, do Colégio Lato Sensu, de Manaus, escreveu um comunicado ao compliance da instituição relatando comportamento inadequado de alunos. Ele elaborou o documento após ser comunicado pela direção pedagógica da escola que não mais lecionará para as turmas do 3º ano a partir de 2024.

"Fui chamado pela diretora Olívia Portantiolo, no final do ano passado, para ser comunicado de que, a partir deste ano, não mais terei os terceiros anos, turmas que conduzo desde de 1991. Vejam, não fui chamado para ser ouvido, primeiramente. Ela expôs uma série de motivos relatados pelos seus pedagogos que lidam diretamente com os alunos", assinala no documento.

Entre os inúmeros pontos de descontentamento relatados pelo professor, ele afirma que tem sido cada vez mais difícil conviver com alunos que não respeitam mais a autoridade em sala de aula.

"Alunos imitando lutas de boxe – e com o professor presente; alunos namorando escondido no pátio da escola; alunos fora da sala de aula, porque não estavam com vontade de assistir à aula; alunos e alunas nos banheiros num tempo exagerado, para evitar assistir à aula em tempo normal; alunos aglomerados nos bebedouros , em pleno horário de aula, usando-os como estratégia para não estarem assistindo à aula, às vezes demoravam-se até 10 minutos", afirma.

Ele ainda relata que está inconformado por suas aulas serem passadas a outro professor, a quem chama de inexperiente.

"É absolutamente estranho que minhas aulas serão dadas a outro professor que, por sua inexperiência, provavelmente não vai alcançar o nível das minhas apostilas", escreve.

LEIA O TEXTO COMPLETO DO PROFESSOR

À Equipe Compliance Senhores,

Antes de relatar o motivo pelo qual revolvi procurá-los, preciso apresentar-me. Sou o professor Antônio Vilela Cardoso, professor de português dos terceiros anos, tenho 74 anos, 49 anos de magistério e trabalho no Lato Sensu há 33 anos, desde praticamente a sua fundação. Exerço o cargo que, além de professor, também coordenador da 9a série. Exponho agora o episódio que me motivou a procurá-los.

Fui chamado pela diretora Olívia Portantiolo, no final do ano passado, para ser comunicado de que, a partir deste ano, não mais terei os terceiros anos, turmas que conduzo desde de 1991. Vejam, não fui chamado para ser ouvido, primeiramente. Ela expôs uma série de motivos relatados pelos seus pedagogos que lidam diretamente com os alunos.

Antes de enumerar as ocorrências arbitrárias que já ocorrem no Lato há um bom tempo, esclareço que, em 2021, procurei todas as pedagogas que lidam diretamente com os alunos e expus os problemas disciplinares , já tão evidentes e frequentes em nossa Escola. Agi, portanto, corretamente.

Entre alguns comportamentos arbitrários relatados a elas, posso enumerar alguns para serem de seus conhecimentos: alunos jogando bola em sala – e com o professor presente; alunos imitando lutas de boxe – e com o professor presente ; alunos namorando escondido no pátio da escola; alunos fora da sala de aula, porque não estavam com vontade de assistir à aula; alunos e alunas nos banheiros num tempo exagerado, para evitar assistir à aula em tempo normal; alunos aglomerados nos bebedouros , em pleno horário de aula, usando-os como estratégia para não estarem assistindo à aula, às vezes demoravam-se até 10 minutos; alunos entrando arbitrariamente em sala após o intervalo, inclusive alguns até 10 minutos após o início da aula; uma aluna chegando 20 minutos atrasada para fazer a prova na minha sala, depois do horário normal – ela estava na escola e a prova começava às 10h, porque, segundo ela, a aluna, estava completando o horário de seu lanche, mas com a estranha conivência da pedagoga, que foi chamada e que confirmou a versão da aluna; as provas começando às 10:10, quando deveriam começar às 10h, pelo simples fato de que os alunos, com uma ou outra exceção, não se dirigiam às salas, mas usavam os corredores

para continuarem seus recreios; alunos indo comprar lanche em tempos fora do horário normal. Alunos , já em sala após o intervalo, me dizerem arrogantemente: “Temos o direito de sair para completar o horário do lanche”. E saíram. Um professor retirou-se da sala após o recreio justamente pela desordem disciplinar, ou seja, a aula já em andamento, com alunos que não paravam de entrar. Ele foi chamado e repreendido. Não deveria ter sido os alunos?

É uma pena que não existam mais as câmeras que havia nas salas e corredores. Que falta elas fazem! Não poderia haver, portanto, versões diferentes! E agora eu pergunto: onde estavam as pedagogas que votaram pela minha cassação? Sim, eu sei: como um avestruz, enfiavam a cabeça em um buraco para fingir que não estavam vendo o que estava ocorrendo em sua volta.

É evidente , senhores que, quando essas aberrações disciplinares coincidiam com as minhas aulas, eu, vez ou outra, precisava tomar atitudes para preservar minha autoridade, para que que minhas salas não se transformassem em algo parecido com “shopping centers”. Às vezes eu tomava, sim, atitudes que contrariavam os interesses de alguns alunos. E isso é absolutamente normal. Oquenãoénormalé ovaievemdealunos

em pleno horário de aula. Ora, alunos estarem transitando pelos corredores em horário de aula deveria ser por um motivo excepcional. Estar em sala com a aula em andamento devia ser considerado um momento sagrado. Ou não? Não se pode sair de uma sala de aula para motivos banais.

Considero absolutamente estranho que essas mesmas pedagogas se reunissem em um estranhíssimo conselho para me julgar e sentenciar a minha exclusão dos terceiros anos, embora nenhuma delas tenha tomado qualquer atitude para normalizar o Lato , mesmo após terem sido alertadas sobre elas.

É absolutamente estranho que esse conselho tenha relatado à diretora os episódios pontuais, em que contrariei um ou outro aluno como como se fossem episódios recorrentes. Episódios, portanto, mais que normais.

É absolutamente estranho que tenham omitido as avaliações dos bons alunos sobre mim e as ignorado. Quer dizer que eu só tenho defeitos e nenhuma qualidade. Insisto na observação: 33 anos à frente dos terceiros anos. E somente agora é que concluíram que não posso mais conduzir aulas, apesar de ainda desfrutar de plena saúde física, mental e intelectual.

É absolutamente estranho que não tenham considerado o fato de que há 33 anos leciono para os terceiros anos, com empenho e envolvimento máximo de minha parte, apaixonado que sou pelas salas de aula e que estranhamente minha experiência já não faz mais sentido.

É absolutamente estranho que minhas aulas serão dadas a outro professor que , por sua inexperiência, provavelmente não vai alcançar o nível das minhas apostilas, problema, inclusive , já discutido com a própria diretora. Sugeri-lhe que um professor do 2o ano tivesse um tempo livre disponível, a partir deste ano, para assistir às minhas aulas e , dessa forma, poder ir paulatinamente, não somente se ambientando com a metodologia que a apostila exige ser adotada (a apostila do 3o é de minha exclusiva autoria) , como também se familiarizar com o nível dos testes/prova. Estranhamente o que era para acontecer para um momento inesperado, foi antecipado.

É absolutamente estranho que tenham me tirado os terceiros anos, como se eu fosse um professor relapso, incompetente, despreparado e/ou arbitrário, entre outros comportamentos moralmente reprováveis ou inconvenientes.

É absolutamente estranho que esses mesmos pedagogos não tenham se lembrado de que , quando foram admitidos no Lato, nesta casa eu já lecionava, com o devido empenho e moral máxima. Como puderam ter sido tão prepotentes e arrogantes em nome do projeto pedagógico que parece ter subido à cabeça daqueles que o põem em prática?

É absolutamente estranho que em nenhum momento tenham me chamado para me advertir com a seguinte observação: Professor, nesta nova Escola não importa mais tanto o trabalho do professor nem sua experiência. “O senhor agora é uma simples peça sem importância alguma e o processo pedagógico é o grande protagonista”. Deviam ter tido a decência de me terem dito claramente que o aluno não pode mais ser contrariado, pois quem vai sofrer as consequências é o professor, e o meu caso é um inequívoco exemplo.

É absolutamente estranho que em meio a tantas arbitrariedades disciplinares, o Lato, ciente de tudo o que relatei, ainda não tenha tomado nenhuma norma disciplinar que pudesse orientar o professor para protegê-lo das investidas do alunos.

É absolutamente estranho que tenham tido a coragem de me punir, tirando-me os

terceiros anos, depois de 33 anos à frente dessas turmas, e já perto de alcançar os 50 anos de formado , precisamente no ano que vem. Como puderam proceder assim comigo, mesmo sabedores da minha paixão pela sala de aula, a minha maior motivação para estar no Lato? Digam-me, senhores: quantos professores neste Brasil , neste exato momento, com 49 anos de magistério, estariam brigando para voltar às salas? Certamente estariam comemorando esse episódio e estarem livres desse peso. Esse estranho conselho, me tirou, portanto , a minha maior motivação para estar no Lato: as salas de aula dos terceiros anos.

Os tempos são outros, já me disse a diretora em conversas que tivemos a respeito de normas disciplinares. Mas eu me questiono o fato de não haver uma norma por escrito mais ou menos assim: É DIREITO DOS ALUNOS TRANSITAREM LIVREMENTE PELAS DEPENDÊNCIAS DA ESCOLA, INCLUSIVE EM HORÁRIO DE AULA E ENTRAR E SAIR DAS SALAS, SENDO VEDADO AO PROFESSOR INTERFERIR NESSA NORMA. Nada há, senhores, por escrito, que pudesse garantir minha defesa. Por isso meu caso foi um julgamento arbitrário.

Deduzo, então, que neste novo Lato, manda quem define a meta, quer dizer, manda quem define o resultado a ser alcançado. O objetivo da escola parece ser tão somente que o aluno pague, e para isso ele tem que continuar matriculado; logo o aluno não pode ser contrariado porque ele é filho da pessoa que paga a mensalidade. Talvez seja esse o motivo por que nenhuma norma disciplinar do tipo exposto acima tenha sido tomada, apesar dos problemas assinalados, que afetam diariamente a normalidade da Escola. Assim sendo, representei o lado fraco da corda ( a corda sempre arrebenta pelo lado mais fraco, não é?), em outras palavras, fui usado como boi de piranha. Sou um professor incômodo, quando uso pontualmente uma ou outra norma disciplinar para conter os ímpetos de um ou outro aluno. Não existe ordem sem disciplina, e não existe disciplina sem medidas punitivas. No Lato, não existe nem uma coisa, nem outra .

Finalmente, o que foi que eu fiz de sério, de irresponsável, de comprometedor que justificasse a minha exclusão? Irresponsabilidade? Não , não poderia ser! Incompetência? Não , não poderia ser! Relaxamento? Não, não poderia ser! Relapsitude? Não, não poderia ser, jamais fui relapso! Senilidade? Não, ainda chego todos os dias às 5:30 da manhã e os vigias são minhas testemunhas.

Infelizmente, não há, no Lato, nenhum outro órgão a quem eu poderia recorrer dessa estranhíssima decisão. Estou só e indefeso, porque estou lutando contra o próprio Lato Sensu.

Como viram, esse episódio possui dois lados.

Por uma questão de honestidade profissional, informo que esse documento não é sigiloso, pois já foi divulgado para os censores. Não quero anonimato; quero justiça.

Espero que esse órgão, a Compliance interfira junto à diretoria, para que eu não seja vítima de uma arbitrariedade.

Atenciosamente
Professor Antônio Vilela Cardoso

Escola divulgou nota na noite de quinta-feira

NOTA DO LATO SENSU

Buscando manter a transparência e o respeito, o Colégio Lato Sensu reafirma que continuará, assim como  fez ao longo de toda sua história, focado em  entregar aos alunos e as famílias dois principais objetivos: o aprendizado e o crescimento intelectual e humano.

O Lato Sensu é uma escola de excelência, e busca sempre reforçar a importância do respeito, da responsabilidade e do limite para com o outro. Comportamentos que ultrapassam esses três pilares são tratados com coerência, mas também com rigor.

O Lato Sensu continuará garantido aos nossos alunos conquistas, um ambiente de trabalho seguro para seus colaboradores, mas sobretudo, continuará a formar cidadãos, tendo em vista que a escola é parte essencial no crescimento humano.

O colégio seguirá entregando excelência e resultado, marcas registradas do Lato Sensu ao longo de seus 40 anos na história da Educação no Amazonas.

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