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Serafim encerra mandato, diz que vai dar um tempo, mas não se afastar de vez da política

“A política só tem porta de entrada, não tem de saída”, afirma Serafim Corrêa.

Aos 75 anos, o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), ex-prefeito de Manaus, não conseguiu se reeleger, apesar da boa votação. Emergindo de uma perda irreparável – a morte de sua mulher Lydia da Eira Corrêa, em 2020, com quem foi casado 53 anos –, e de seu filho Rafael Corrêa, em 2022, dois duros golpes que o levaram  ao fundo do poço, o político resolveu dar um tempo e retomar a advocacia na área fiscal e tributária já a partir de fevereiro. Mas, em primeiro plano, no retorno à casa, quer cuidar dos netos, já que não teve muito tempo para acompanhar o crescimento dos filhos, e viver um novo amor que a vida acaba de lhe dar.

Mas essa parada, significa o “canto do cisne” de Sarafa na política? Ele acredita que não, porque segundo ele "a política só tem porta de entrada não tem de saída”. Mas, por enquanto, não quer encarar nenhuma eleição, ao menos até 2026. No  momento, Serafim só quer ser candidato a viver a vida e ser feliz.

CONFIRA A ENTREVISTA

Blog do Mário Adolfo – Que balanço o senhor faria de sua vida pública, de quando começou?

Serafim Corrêa, deputado estadual –  O balanço é positivo.  Eu entrei na política em 1986, fui fazer um curso na Receita Federal, que era preparatório para  gerentes e assessores da receita. O curso era  conduzido por psicólogos e  administradores. Ao  final do curso, a coordenadora me chamou e disse: “olha, você não tem que ser gerente e nem assessor. Você é um político nato. Se filia a um partido e vai fazer política, cara. Tu estás perdendo teu tempo na Receita”. Aí eu agradeci e voltei para Manaus e me filiei ao PDT, do Brizola (Leonel). Em 1986 fui candidato a vice de Arthur Virgílio que era candidato ao Governo do estado  pelo PSB...

BMA (interrompendo) pelo Muda Amazonas, não é?

Serafim – Exatamente, pelo Muda Amazonas. Perdemos a eleição e em 1988 o Arthur se elegeu prefeito e eu vereador, ele me convidou e eu assumi a Secretaria Municipal de Economia e Finanças. Depois reassumi o mandato. Em 92 me reelegi vereador e em 1996 tive a ousadia de ser candidato a prefeito, mas perdi a eleição por 2.500 votos. Em  2004 eu me elegi prefeito.

BMA – Como o senhor avalia a sua administração na Prefeitura de Manaus?

Serafim – Dei o melhor de mim. Creio que quebrei  paradigmas na Prefeitura de Manaus, principalmente em relação aos problemas básicos da cidade. Falta d´agua hoje não é  mais tema; destino final  do lixo, que hoje não é mais tema; iluminação pública, que hoje não é mais tema; criação dos parques, obra  viárias importantes, a  construção da maternidade, a construção da escola para Pessoas Com Deficiências (PCDs), a primeira creche de Manaus. Enfim, eu dei a minha contribuição.

Em novo momento da vida

BMA – E no Parlamento que legado o senhor está deixando?

Serafim – Depois de encerrar o mandato de prefeito me elegi deputado. E como deputado eu pude contribuir nas grandes discussões, nos grandes debates, na mudança de paradigmas, como  por exemplo na Lei do Gás, em que eu fui o relator. Então, o balanço é positivo e vou continuar fazendo política. Não estar exercendo nenhum mandato não quer dizer que não farei nunca mais política. Não é isso, a política  só tem porta de entrada, não tem de saída.

BMA – Isso quer dizer, necessariamente, que o senhor não se afasta também da política partidária?

Serafim – Não, não. Na Partidária eu continuo, agora, apenas não  disputarei qualquer eleição em 2024. Daí pra  frente a gente vê o que vai acontecer.

BMA –  Então o senhor admite que não está abandonando a política em definitivo e não descarta uma nova candidatura futuramente?

Serafim – Uma nova candidatura? Acredito que não, quem sabe em  2026.

BMA –  O senhor não pensa em disputar o governo do Estado, já que com a sua idade, vivência política e experiência administrativa poderia dar uma grande contribuição ao Amazonas?

Serafim –  Não, não!... eu entendo que os cargos executivos devem ficar para as pessoas mais jovens.   O Amazonas tem muito desafio a ser enfrentado e a nova geração tem que assumir essa responsabilidade. A minha geração, que  foi a geração que entrou  na política nos anos 1980,  por uma questão geracional de idade, ela está chegando ao fim do ciclo. Mas, com uma grande contribuição, pois  todos  os atores do anos 80 foram importantes no Amazonas e deram importantes contribuições.  Só que agora está chegando o final do ciclo, seja pelo final da vida, seja pela idade.

“A minha geração, que foi a geração que entrou na política nos anos 1980, por uma questão geracional de idade, está chegando ao fim do ciclo”

BMA – Houve um  tempo que uma Casa como a Câmara de Manaus tinha em seu plenário nomes como Fábio Lucena, Jefferson Péres, Serafim Corrêa, Vanessa Grazziotin, Omar Aziz e hoje é formada por políticos pouco conhecidos. Alguns passam até despercebidos nos quatro anos de mandato. Em alguns casos, a mesma coisa acontece na Assembleia Legislativa. O que aconteceu com a política do Amazonas.

Serafim – Acho que a política cresceu, atraiu mais jovens para o exercício do Parlamento, tem maior repercussão na sociedade, mas, em termos de qualidade já foi bem melhor, com nomes que realmente fizeram história no Amazonas.

BMA – Que políticos podem ser citados como exemplo a ser seguido? Que nomes o senhor destaca no cenário político local?

Serafim – Sem dúvida nenhuma Jefferson Péres. Era um político ético, correto, amigo, intelectual, inteligente e um bom conselheiro. Apesar de sua aparência carrancuda, era um homem gentil,  doce, generoso e leal.  Poucas pessoas conheciam esse seu lado. Eu sou uma delas.

O outro que eu cito, sem dúvida é Gilberto Mestrinho (governador do Amazonas por três mandatos, morto em 2019) por estar à frente do seu tempo. Muitos o rotularam como inimigo do meio ambiente, mas não era nada disso. O que Gilberto falava naquele tempo já era as opções econômicas de desenvolvimento sustentado. Para se ter uma ideia, o empresário Blairo Maggi, o “rei da soja”, fez fortuna com ideias de Gilberto Mestrinho. Obteve lucros provenientes de commodities agrícolas através de  hidrovias industriais que as transportam, pelo Rio Madeira, uma ideia de Gilberto que tirou centenas de caminhões da estrada.

BMA – Agora que o senhor está voltando pra casa, o que pretende fazer com todo esse tempo que terá fora da política?

Serafim – Vou viajar agora para descansar. Mas a partir de fevereiro estarei no meu escritório assumindo o trabalho de assessoria econômica e jurídica, principalmente na área de Direito Fiscal e Tributário. Quero cuidar dos meus netos, já que a política não me permitiu acompanhar o crescimento dos meus filhos. Sou viúvo, estou namorando a Iza Amelia e agora vou viver essa nova etapa da minha vida.

BMA – No espaço de dois anos, o senhor sofreu duas graves perdas. A morte de sua mulher, D. Lydia da Eira Corrêa, e a do filho, Rafael Augusto Corrêa. Como reagiu diante de tamanha dor?

Serafim – Grato a Deus, à família e aos amigos que me deram forças para compreender e superar a tristeza da perda da Lydia e do Rafa e fazer a travessia para a saudade dos bons momentos.

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