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Tristeza silencia Parintins com a morte de João do Carmo, o Careca

De repente, não mais que de repente  Parinins – onde a alegria sempre está no ar –, ficou triste. As toadas emudeceram, os tambores silenciaram e os poetas passaram a escrever versos tristes. Pelas praças, mercados, vilas, becos e botequins a notícia correu de boca em boca: “morreu o nosso amigo Careca!” Foi essa a notícia que entristeceu a ilha do boi bumbá, nesta sexta-feira 1º de dezembro: a  morte de João do Carmo, o Careca, que  deixou uma legião de amigos chorando a sua partida.

João do Carmo foi diagnosticado com enfisema pulmonar e veio para Manaus  fazer um cateterismo, mas, antes do procedimento teve um infarto fulminante. Era engenheiro florestal, funcionário do Ibama e dirigiu por  um tempo a reserva de Mamirauá. Seu maior legado, no entanto, foi a criação do Movimento Marujada, do boi bumbá Caprichoso, o boi do curação.

— Foi uma das pessoas mais alegres que já nasceram na Ilha. Era irreverente, brincalhão e fazia amizade por onde passava. Era um dos fundadores do Movimento Marujada –, conta o compositor de toadas Carlos Paulain, autor da clássica   “Ninguém gosta mais desse boi do que eu” e amigo de infância de Careca.

Em entrevista ao Blog do Mário Adolfo, Paulaim disse que João do Carmo também era desportista e torcia pelo Amazonas, além de sempre estar   engajado em movimentos culturais.

—Uma figura queridíssima que vai deixar muitas saudades. Era a alegria viva.

 Assim que soube da morte do amigo, Carlinhos Paulain,  escreveu um poema belíssimo, sob profunda comoção, que dedicou a João do Carmo.

PARTIDA

Carlos Paulain

 

A alegria partiu/

pensava eu que a

alegria era eterna/

nada é eterno descubro

/ bobo eu/ que também

nunca pensei em chorar

pela alegria/ mas estou

chorando até as lágrimas

cansarem de chorar/

nem todos os botecos/

nem todos os goles/

nem todas as hóstias/

nem os mais profundos

mandamentos me calarão

está noite/ que  é  minha e

dele/ como tantas que

dividimos/ que divergimos/

que amamos/ esta noite vai

ouvir sobre nosso berço nossa

infância/ a madrugada será

pequena como sempre  nos foi”.

essa noite minha cabeça diz

que tem um novo dia amanhã /

não sei que horas amanhã vai

amanhecer/ não sei como viver

sem amigos que teimam em

me deixar cada dia mais só/

não sei como amanhecer

nesta manhã/ não sei….”

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