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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJP-AM) divulgou na noite desta segunda-feira, 2, Nota de Repúdio às declarações proferidas pelo apresentador da TV A Crítica, Sikera Jr, no último domingo, em suas redes sociais. No vídeo, o apresentador diz que a empresa está limpando seu quadro de profissionais e que jornalistas com tendências esquerdistas devem ficar fora das redações.

Em nota a diretoria do sindicato condena a postura do jornalista em suas mídias digitais e aponta que suas declarações agridem a função ética e social do jornalismo.

Em repúdio, a nota explica que Sikera Jr. deforma o exercício do jornalismo ao tentar enquadrar os profissionais do ramo em uma percepção reducionista e desqualificá-los dizendo que “em redações de jornais e de TV’s existem os que escrevem contra o país” e os “que só querem atrapalhar”.

Sindicato é dirigido pela jornalista Dora Tupinambá

Nota de Repúdio

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJP-AM) vem a público REPUDIAR as declarações feitas pelo apresentador José Siqueira Barros Junior, da TV A CRÍTICA, veiculada em suas mídias digitais no último fim de semana, por meio de vídeo, quando tenta desqualificar os profissionais de jornalismo. A fala do apresentador de TV agride a função social e a ética do Jornalismo e os jornalistas; tenta enquadrá-los em uma percepção reducionista e deformada do que é o exercício jornalístico ao afirmar que na maioria das redações dos jornais e das TVs tem aqueles que “escrevem contra o País” e “que só querem atrapalhar”. Mais do que isso, propõe a forma mais primária de manipulação da informação, que é tudo o que Jornalismo não é: colocar pessoas favoráveis a uma ideologia para trabalharem, supostamente, em favor dela.

As críticas dirigidas a outras emissoras na fala deste senhor também insinua que os jornalistas que estão hoje nas redações não são sérios; até mesmo os da emissora em que trabalha, uma vez que cita o termo “toda empresa tem um cara que cria problema”.

O SJPAM defende não apenas o registro profissional como também o DIPLOMA de jornalismo como critério imprescindível ao exercício profissional. E embora ao longo dos anos os profissionais que atuaram – e alguns que ainda atuam – na emissora que ele trabalha, tenham formação acadêmica, não eram registrados como tal na carteira de trabalho, contribuindo desta forma para a precarização da profissão.

A fala do apresentador enuncia ainda a postura autoritária com a qual pretende se estabelecer e fazer escola no Estado do Amazonas e na cidade de Manaus. Na condição de radialista e jornalista, desrespeita seus próprios colegas de profissão. A ideia de que “o Brasil vai começar a mudar” a partir desse tipo de guardiões não é nova, outros com a mesma postura de xerife já desfilaram na história do Jornalismo no Brasil e no Amazonas. Descobriram da pior maneira que a sociedade não aceita o xerifado, venha de onde vier, e os jornalistas, em diferentes frentes de batalha, reposicionaram o exercício legal, legítimo e responsável da profissão.

É lamentável e perigoso que no século XXI, pessoas que atuam na área da comunicação ainda se refiram a jornalistas esquerdistas nas redações de jornais e TVs. Mais que uma leitura atrasada, esta é a expressão da hipocrisia e da subserviência como arranjos da prática da dissimulação regiamente paga com recursos públicos para assegurar a escrita jornalística a favor ou a voz única da verdade. Sikêra Junior revela-se adesista da “renovação” jornalística que não aceita mudança nem ruptura na realidade do Brasil e do Amazonas, no entanto, beneficia-se com ela.

Jornalistas têm outra responsabilidade e outro compromisso, independente do credo religioso e da sua posição ideológica. É direito constitucional. O compromisso do jornalismo é com a verdade e, por isso, ele é um dos pilares de qualquer sociedade democrática. Nesse sentido, o papel da imprensa, é levar informação às pessoas. Expor fatos e não comprar versões partidárias, seja ela de esquerda ou de direita, e, muito menos expor suas crenças pessoais.

O jornalismo e o jornalista, no fazer jornalístico, não podem ser guiados por ideologia, senão, fogem ao seu real propósito. “O papel do jornalista é investigar. O dos políticos, é prestar contas”, disse Martin Baron, editor do Washington Post que chefiou, em 2002, a equipe do jornal Boston Globe que investigou abusos sexuais cometidos por clérigos da Igreja Católica. O caso deu origem a “Spotlight”, que ganhou o Oscar de melhor filme em 2016.

“O governo é a instituição mais poderosa que existe em qualquer país. E nosso dever é fazer as instituições poderosas prestarem contas à sociedade”, escreveu. E isto é tudo o que esse senhor apresentador não defende. Com que interesses?
O Brasil e o Amazonas continuarão a mudar como parte do processo histórico e, neste, o jornalismo tem função relevante para revelar os cenários, os parasitas, os fascistas e aproveitadores ocasionais. Eles passarão! Lutemos, jornalistas!

Manaus- AM, 02 de março de 2020

DIRETORIA
SINDICATO DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS NO ESTADO DO AMAZONAS – SJPAM

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