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Na correria, ritual do Garantido durou menos de cinco minutos na arena

Os folguedos juninos, celebrados com muita alegria, envolvendo a galera vermelha e transformando a arena do bumbódromo em um grande terreiro de São João, além da mistura de tradições das culturas europeias, indígenas e africanas, foram a marca do espetáculo ‘Garantido, o Boi da Alegria do Povo’, em uma viagem pelas festas folclóricas brasileiras do mês de junho.

Os últimos dez minutos da apresentação do Boi da Baixa de São José foram dramáticos por conta das dificuldades em colocar na arena os módulos alegóricos do Ritual de cura espiritual dos kawahiva-parintintin. Houve muita correria e a apresentação do momento apoteótico da noite transformou-se em um drama plenamente observado por quem acompanhava a evolução dos camisa encarnada.

A festa dos herdeiros de Lindolfo Monteverde trouxe de volta o ‘dois pra lá, dois pra cá’ do Bailado Corrido, que chegou na arena ao som da toada Viva São João. Mas a bruxa estava solta desde o início da apresentação. Dois módulos alegóricos não abriram para compor o cenário da celebração folclórica, que resultou na chegada do Bumbá nos braços de São João Batista.

Mesmo assim, o momento misto de religiosidade, saudosismo, lutas e celebração da vida simples do Brasil, a festa de São João empolgou a galera que cantou e interagiu com o apresentador Israel Paulain e o levantador de toadas, Sebastião Júnior. Foi um momento vibrante para os torcedores que reconhecem a origem do bumbá na fé em São João, por conta da promessa de Lindolfo ao santo.

A evolução da lenda amazônica Flechas Serpentes foi outro momento apoteótico com o surgimento do Macaco Gigante que aterrorizava o povo karajá, habitantes das margens do Rio Araguaia, salvos pelo jovem guerreiro Maricá, que, em noite de lua cheia, atinge o macaco no olho, observando ensinamento de uma rã da floresta e liberta a Cunhã Poranga para a alegria da aldeia Karajá.

Outra festa viria com a evolução da Figura Típica Regional ‘Erveiras da Amazônia’, que mantém viva a tradição da cura pela medicina natural. A evolução trouxe para a arena as erveiras do Mercado Ver-o-Peso, em Belém do Pará, essência da expressão regional da Amazônia.

Da festa veio o sufoco, a dificuldade em colocar na arena os módulos alegóricos para o Ritual Cawahiwade cura espiritual dos kawahiva-parintintin, habitantes do Rio Tapajós, contra a má sorte ou panema. Não durou cinco minutos e os módulos foram retirados, enquanto o Pajé Adriano Paketá fazia sua apresentação praticamente fora do que seria o ritual. A partir daí tudo foi uma correria até a comemoração por não ultrapassar o tempo limite de duas horas e meia, estabelecida pelo regulamento da disputa.

Texto: Floriano Lins com fotos de Ascom Garantido (Parintins-AM)

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