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Moro combinou estratégias com MPF contra Lula, aponta The Intercept

O ex-juiz Sergio Moro e membros do Ministério Público Federal (MPF) trocaram informações e colaboraram na Operação Lava-Jato, incluindo nos processos que levaram à condenação de Lula da Silva, revela investigação do site The Intercept com base em mensagens de rede social. No conteúdo divulgado nas últimas horas de domingo são expostas mensagens de Moro a sugerir ao MPF trocar a ordem de fases da Lava Jato, a exigir a realização de novas operações, a dar conselhos e pistas e a antecipar-lhe, pelo menos, uma decisão judicial.

Para advogados e juízes ouvidos pela imprensa, o caso coloca em dúvida a imparcialidade de Moro, agora ministro da justiça do governo liderado por Jair Bolsonaro, nos casos. Marco Aurélio Mello, que é dos 11 membros do Supremo Tribunal Federal, sublinhou que “a equidistância do órgão julgador tem de ser absoluta”.

No conteúdo divulgado nas últimas horas de domingo são expostas mensagens de Moro a sugerir ao MPF trocar a ordem de fases da Lava Jato, a exigir a realização de novas operações, a dar conselhos e pistas e a antecipar-lhe, pelo menos, uma decisão judicial.

Numa das trocas, o ex-juiz discorda até da tentativa do MPF de adiar um depoimento de Lula. “Vocês devem estar brincando. Não tem nulidade nenhum, é só um monte de bobagens”, diz.

Noutra conversa intercetada, procuradores combinam manobras para impedir que Lula desse uma entrevista a meio da pré-campanha eleitoral. Uma das procuradoras, Laura Tessler, comenta que se o antigo presidente falasse poderia até eleger Fernando Haddad, candidato do PT que disputou as eleições, e acabou por perder, com Jair Bolsonaro.

Lula havia sido preso meses antes, por decisão de Moro, ficando na sequência impedido de concorrer ao sufrágio ganho por Bolsonaro. Uma vez eleito, o novo presidente convidou Moro para seu ministro da justiça. Ele aceitou, assim como deu a entender vir a aceitar convite presidencial à primeira oportunidade para integrar o Supremo.

Moro divulgou nota a negar haver “anormalidades ou direcionamento” nas investigações e chamou o conteúdo dos artigos de “sensacionalismo”.

A procuradoria, por sua vez, considera-se vítima de ataques de hackers.

A defesa de Lula, entretanto, pede o “restabelecimento urgente da liberdade plena de Lula” e afirma que o ex-presidente é vítima de lawfare, ou seja, manipulação de leis com fins de perseguição política.

O jornalista e fundador do The Intercept diz que vai manter o sigilo da fonte do site. Glenn Grenwald, que recebeu as célebres denúncias de Edward Snowden e vive hoje no Brasil, diz que tem muito mais material na sua posse.

Lula foi preso, condenado pela posse de um apartamento no Guarujá, litoral de São Paulo, que terá sido o pagamento de luvas. A decisão da prisão coube a Moro em abril de 2018, quando Lula liderava todos os cenários eleitorais das eleições de outubro desse ano.

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