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Eron Bezerra, o mais fiel camarada do PCdoB foi um feroz combatente das teses nada ecológicas do governador Gilberto Mestrinho. Resistiu o quanto pôde ao ‘boto tucuxi’, na trincheira de seu politburo baré, mas, hoje, aos 63 anos, disse que olharia o ex-governador de forma diferente. E até falaria com ele diferente da forma como falava nos anos 1980.

— Era um homem muito inteligente e o que ele dizia há 30 anos está acontecendo agora. Mas, naquela época, o nosso papel era aquele mesmo. Bater sempre para minar o poder por dentro –, confessa o comandante em chefe dos vermelhos.

Eron conta que, por outro lado, Gilberto admirava a juventude que  fazia política no movimento estudantil, entre eles Vanessa Grazziotin, João Pedro,  Lúcia Antony, José Carlos Sardinha e outros malucos do Diretório Universitário.

— Esses meninos são  uns comunistazinhos. Não sabem nada. Ainda vão apanhar muito. Mas gosto deles –, dizia o governador.

Certo dia, Gilberto cruzou com Eron, já deputado estadual,  na Assembleia  Legislativa. O governador era um dos poucos que chamava o camarada pelo nome, que na verdade era Eronildo Bezerra. Mas Gilberto chamava Eronildes. Andando em sentido opostos, Mestrinho cruzou com o já deputado comunista e disse:

— Eronildes, semana passada estive na tua terra!

Eron, que nasceu no Acre, reagiu com entusiasmo:

— Que bom governador. Então, o senhor esteve em Rio Branco?

— Não. Fui na Rússia, vocês não são comunistas russos! (Risos).

Em determinado momento do movimento estudantil, os estudantes convocaram um ato público para alertar sobre os perigos do efeito estufa para o planeta. E aí marcaram uma audiência com o Governador, onde expuseram  que o efeito estufa – provocado pela ação dos gases dióxido de carbono, óxidos de azoto, metano e ozônio presentes na atmosfera que liberam raios infravermelhos –, também poderia ter sua causa agravada pela derrubada e queimada de florestas, como a Amazônica, pois as árvores regulam a temperatura, o vento e até mesmo os níveis de chuvas de cada região. Na medida em que a devastação é feita, a temperatura vai aumentando gradativamente. Gases poluentes, óleo diesel, gasolina também contribuem para que o efeito estufa aumente pelo fato de isolarem a temperatura deixando a parte baixa da Terra mais quente em determinadas regiões trazendo sérios problemas.

Gilberto ouviu aquilo tudo de cabeça baixa,  batucando na mesa com os dedos anelar, médio e indicador. E quando os estudantes acabaram de falar, o governador levantou a cabeça e, com voz baixa e calmamente, respondeu:

—  Eronildes, isso tudo que vocês falaram não existe. Tudo balela! Tudo papo furado. Esse negócio de efeito estufa não tem nada a ver com a emissão de gás carbônico (CO2) em decorrência das queimadas amazônicas. Até mesmo porque o peido  das vacas indianas emitem mais CO2 do que as queimadas!

 

As ‘Crônicas do Mário Adolfo’ são publicadas sempre aos domingos

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