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O advogado, Wilson Justo, 34, morreu após ser baleado dentro do Porão do Alemão, na avenida Coronel Teixeira, zona Oeste, na madrugada deste sábado, 25. Ele chegou a ser socorrido e levado para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, mas não resistiu aos ferimentos e acabou falecendo.

Segundo testemunhas que estavam no momento do crime, o advogado foi baleado pelo delegado da Polícia Civil Gustavo Sotero, que sacou a arma mesmo rodeado por muita gente e disparou. De acordo com o advogado Daniel Nogueira, “o delegado acreditava que Wilson estaria se engraçando para sua esposa”. Além de Wilson, três mulheres foram baleadas, porém não correm risco de morte.

O amigo e advogado Daniel Nogueira escreveu o depoimento no Facebook

Quem estava no Porão no momento do crime relatou correria e muita confusão em virtude dos tiros. Ainda pela madrugada, vários áudios, vídeos e fotos sobre a situação começaram a circular pelo Whatsapp.

Em um dos vídeos é possível ver Wilson caído. Enquanto algumas pessoas correm na tentativa de sair o mais rápido possível do local, outras pedem ajuda para que o advogado fosse atendido. “Socorro ali na frente. Alguém chama uma ambulância, pelo amor de Deus”, grita quem estava no palco.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Amazonas, está acompanhando o caso, que foi registrado no 19 Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde o delegado está preso. O presidente da OAB, Marco Aurélio Choy, gravou um vídeo dizendo que acompanhará o caso para não deixar que o responsável pelo assassinato saia impune.

“Estamos desde o início da manhã de hoje acompanhando esse lamentável episódio onde nosso colega advogado Wilson Justo foi assassinado por motivo fútil por um delegado de polícia, Gustavo Sotero. Ele está sendo ouvido no 19 DIP e deverá ser submetido à audiência de custódia. A morte não poderá ficar impune”, disse Choy.

Promissor

Wilson era muito conhecido em Manaus. Filiado ao PR, ele foi presidente do partido em Novo Airão, onde chegou a concorrer como vice-prefeito com o nome ‘Dr Wilson’. Durante a campanha eleitoral fez caminhadas ao lado de Marcelo Ramos, Alfredo Nascimento, Sabá Reis e outros dirigentes.

Ele era visto como um político promissor. Jovem, sempre participava das discussões propostas pelo PR e gostava de expor seu ponto de vista. Colegas afirmam que ele tinha o sonho de, um dia, mudar a realidade de Novo Airão, município no interior do Amazonas.

“Essa madrugada o colega advogado Wilson Justo foi covardemente assassinado pelo delegado Gustavo Sotero. Basta uma breve pesquisa no Google para saber que assassino já se envolveu em vários outros episódios de violência e desrespeito à lei. Agora, assassinou um jovem, pai de duas filhas e ainda atirou na perna da sua esposa. Fez tudo isso com uma arma do Estado. Até quando um arruaceiro contumaz irá permanecer com o distintivo de delegado promovendo crimes impunemente? Descanse em paz meu querido amigo Wilson Justo”, postou Marcelo Ramos no Instagram.

Em caminhada ao lado de Sabá Reis e Alfredo Nascimento. Wilson era advogado de Sabá reis

 

Ao lado de Marcelo Ramos, em Novo Airão

 

Wilson com as duas filhas e a esposa

O delegado

Gustavo Sotero já se envolveu outras confusões em Manaus. Em 2014, Policiais militares do 19 DIP o detiveram por volta das 5h após ele se envolver em um acidente, na saída do Porão do Alemão.

Abordado por PMs ele tentou sacar a arma e foi algemado. Testemunhas afirmavam que o delegado estava visivelmente alcoolizado, mas, à época, a polícia informou, posteriormente, que ele teria feito teste de alcoolemia e o resultado havia sido negativo. Logo depois ele foi liberado.

Gustavo Sotero, delegado da Polícia Civil do Amazonas

Nesta reportagem do jornal DEZ Minutos, postada em 13 de fevereiro de 2014, é possível ver o delegado sendo conduzido por policiais militares, enquanto diz que estava sendo torturado. “Me solta que eu sou policial, ‘rapá’. Estou sangrando (apontando para o pulso, onde está algema)”, grita Sotero.

De acordo com o Estatuto dos Servidores da Polícia Civil,  o policial tem o direito de portar arma, mesmo na inatividade. Já o artigo 81 da mesma Lei, inciso XXIX, inclui, entre as transgressões praticadas pelo servidor policial, “esquivar-se, mesmo no período de folga, de atender ocorrência policial (…)”. Ou seja, os policiais civis têm o dever ao porte de arma e são respaldados legalmente para circular armados em qualquer local público, 24 horas por dia

Veja a reportagem da época:

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