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Dedé Santana apresenta temporada do espetáculo ‘Palhaços’ em Manaus

Um dos humoristas mais importantes do país, com vasta trajetória nas artes da interpretação e do circo, Dedé Santana, conhecido por sua atuação em ‘Os Trapalhões’ – que ficou mais de 20 anos no ar –  se apresenta nesta quinta-feira,16, em Manaus, no Teatro Manauara, com a peça ‘Palhaços’, um convite à reflexão sobre o verdadeiro papel do artista.

Com texto de Timochenko Wehbi, direção de Alexandre Borges e atuação de Fioravante de Almeida e Dedé Santana, ‘Palhaços’ tem 60 minutos de duração e conta a história do palhaço Careta, que tem sua rotina alterada ao se deparar em seu camarim com o espectador Benvindo, um vendedor de sapatos. Os dois conversam sobre suas vidas, desestabilizando crenças e valores e se questionam sobre suas escolhas. O espetáculo fica em cartaz do dia 16 a 26 de maio. Nos dias de quinta-feira, sexta-feira e sábado, às 21, e aos domingos às 20h. Serão oito apresentações.

Dedé Santana conversou com o EM TEMPO sobre seu trabalho, sobre o atual mercado do humor brasileiro, sobre seus projetos e sobre sua relação com Renato Aragão e sobre o novo trabalho da dupla. Confira a entrevista:

EM TEMPO – Qual a reflexão que ‘Palhaços’ traz no papel do artista?

Dedé Santana — Estou muito feliz com esse trabalho. Eu sou a oitava geração circense. Nasci na barraca do circo. E lá já fiz de tudo: barra, trapézio, globo da morte… E aos sete anos eu já era palhaço de picadeiro. Esse trabalho também mostra o outro lado do palhaço, que ninguém conhece, porque só conhecem o lado alegre do palhaço. E, esse é o outro lado que o palhaço também, como as dívidas,  problemas amorosos, financeiros, e isso aí a peça mostra bem. Isso acaba sendo um problema não só do palhaço, mas de todo o ator em geral. A peça tem direção de Alexandre Borges. Eu o conheci com 14 anos de idade no ‘Os Saltimbancos Trapalhões’, que ele participou. Eu já sabia do talento dele como ator, mas como diretor ele me surpreendeu.

EM TEMPO – Você ficou muito conhecido como Trapalhão, como foi isso?

D.S. — Do circo eu fui paro o teatro e no teatro eu conheci Arnould Rodrigues, que escrevia para o Chico Anísio, e ele me apresentou para o Didi e a gente se deu muito bem e começamos a trabalhar juntos. Inicialmente era a dupla Dedé e Didi nas telinhas do cinema. Depois eu descobri o Mussum e depois ele trouxe o Zacarias e ficamos com os Trapalhões completo.

EM TEMPO – Você já gravou filmes aqui em Manaus num foi?

D.S. — Sim. Já viemos a Manaus muitas vezes, onde fiz três filme. Já morei aqui durante três meses durante as gravações, onde conduzia um barco no filme ‘Os três Mosqueteiros’, onde percorri todos esses igarapés.

EM TEMPO – Qual a sua relação com Renato Aragão?

D.S. — A minha amizade com ela está bem. Ele me convidou para gravarmos um filme juntos e devemos começar a gravar ainda este ano. Ele ligou para mim e perguntou se eu topava fazer um filme com ele e eu falei: “Claro! Nem precisava perguntar”. Será da Globo Filmes, mas infelizmente, não estou autorizado pelo Didi a falar sobre o filme”.

EM TEMPO – Humor é uma ferramenta política, de transformação?

D.S. — Não sei. Sei que humor de hoje é o que os comediantes ficaram amordaçados com o politicamente correto. Não tem a mesma facilidade que nós tínhamos. Falávamos do gay, do afrodescendente no ‘Os Trapalhões’. E, hoje, está mais difícil fazer esse tipo de humor.

Emocionado, Dedé também falou sobre a perda do amigo Lúcio Mauro, ator e comediante, que faleceu no último domingo,12.

EM TEMPO –  O que significa a perda de Lúcio Mauro para o humor brasileiro?

D.S. — Lúcio era não só um monstro do humor, mas um colega de um bom caráter. Eu devo muito ao Lúcio Mauro, primeiro nas coisas que eu faço, porque eu comecei a imitá-lo. Via o tempo dele de piada, porque ser o ator escada, o Brasil não dá muito valor e isso eu aprendi muito com o Lúcio. Eu me lembro que eu estava começando e alguém implicou comigo na televisão e ele já era o cara. Lúcio disse que se me tirassem do programa, ele também saía. Falar no Lúcio me emociona.

 EM TEMPO – Você trabalhou com Chico Anísio, quando participou da ‘Escolinha do Professor Raimundo’, como foi essa experiência?

D.S. — Chico é um gênio. Chico uma vez me disse, à época estava com Renato, o seguinte: “Vocês vão fazer sucesso a vida inteira, porque você nasce criança todo dia”. Ele ensinou o Mussum a falar “tranquilis” e “sussegades”. Ele falava para o Mussum por a letra s no final das palavras, para ficar engraçado, porque o Mussum não se achava comediante. Ele dizia que era tocador de reco-reco – risos – e ele era um grande comediante.

EM TEMPO – Você acredita que o stand up veio para competir com o humor tradicional?

D.S. — O stand up existe há muito tempo – hoje temos comediantes bons – mas falta aquela coisa que eu estou fazendo hoje, que é o Teatro de verdade. Stand up é um cara na frente da cortina contando piada. Meu avô já fazia isso e eu era pequeno. O maior stand up  que eu já conheci no Brasil se chama Zé Vasconcelos, que fazia duas horas e meia e você morria de dar risada e ele não falava nenhum palavrão e hoje tão apelando muito.

Texto: Luana Dávila e fotos: Ione Moreno

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