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Barcelos se transforma e completa 261 anos sonhando com o futuro

Quando se candidatou a prefeito de Barcelos em 2016, Edson Mendes já era um servidor público bem sucedido. Filho do ex-prefeito Marconi Edson de Jesus Mendes, o ‘Cabeça Branca’, tentou fugir da vocação política. Formou-se em Administração, Sociologia e Direito. Foi professor, policial civil e ingressou no Ministério Público por meio de concurso. Podia ter prosseguido por este caminho, que lhe rendeu boa qualidade de vida mas, como ele mesmo diz, a intuição o levou a encarar outra missão.

Com carreira consolida e estabilizada, decidiu que era momento de voltar os olhos definitivamente para a cidade que está em seu coração. Eleito em 2016 derrotando cinco adversários, assumiu a Prefeitura de Barcelos cercado de esperança. Três anos depois devolveu a estabilidade ao Município e tem grande planos para a cidade. Sonhos que são dele e de toda uma população daquela que foi a primeira capital do Amazonas e que no dia 6 de maio comemora 261 anos.P

Blog do Mário Adolfo: Em recente pesquisa que tivemos acesso, Barcelos, em questão de administração pública, foi uma das mais bem avaliadas pela população local. Que análise o senhor faz dessa aprovação?

Edson Mendes: Para explicar isso, nós precisaríamos fazer uma regressão à época da campanha. Barcelos passou muitos anos abandonada pelo poder público, pelo prefeito muito ausente no município. A partir do momento que conseguimos  colocar na pauta questões fundamentais, que não estavam sendo atendidas em Barcelos como, por exemplo,  o pagamento de salários em dia, verbas carimbadas do governo federal que não eram repassadas para os trabalhadores, secretários municipais que ficavam sem receber e outros pontos de infraestrutura, tudo vira a nosso favor. Demos a Barcelos aquela memória de estabilidade, de planejamento econômico, no sentido de criar uma sistemática em que as pessoas pudessem retroalimentar a indústria, o comércio. Para as pessoas poderem sempre ter um planejamento do que vão gastar e do que vão investir. Barcelos hoje tem muito mais leitos de hotéis, tem muito mais investimentos na área de saúde e  na área de educação,

BMA: Quando o senhor olha para a sua gestão, o que caracteriza como a principal realização na cidade?

EM: Estamos no governo há dois anos e três meses. Guarda Municipal e  iluminação pública em LED são dois dos grandes avanços estruturantes. Nós temos em Barcelos uma empresa responsável pela iluminação pública e essa empresa não prestava serviço de forma adequada. Recebia todo o recurso financeiro e não se via muito resultado. Colocamos o serviços nos eixos. Nós temos hoje um problema com a Amazonas Energia, relacionada a nossa Cosip (taxa de iluminação pública), que estava sendo descontada na fonte para “amortizar” um débito de aproximadamente R$ 10 milhões.  Nós acionamos a Justiça para que essa Cosip voltasse para os cofres públicos. Contratamos uma empresa que hoje está cobrindo aproximadamente 66% da cidade com lâmpadas de LED. E até final do ano esperamos iluminar Barcelos 100% com a iluminação de LED.

BMA: E a Guarda Municipal?

EM: A Guarda Municipal faz parte de um contexto de um programa relacionado à segurança do município. No início da nossa gestão nós fizemos uma pesquisa e foi indicado que o grande problema da cidade era a segurança. E nós, atendendo essa essa lacuna que existia nas ações públicas em Barcelos, decidimos criar a Guarda Municipal. Com a Guarda Municipal e a iluminação pública nós conseguimos dar uma resposta à sociedade. Hoje, o índice de criminalidade baixou consideravelmente. Nós tínhamos em Barcelos um investigador, um escrivão e um delegado. Hoje nós temos um delegado que é novo na cidade, temos quatro investigadores, um escrivão ainda, melhoramos o aporte da Polícia Militar.

BMA: O senhor pretende fazer concurso público em Barcelos?

EM: Eu sou servidor público do Ministério Público. O concurso público é a forma que você tem de democratizar o acesso aos cargos públicos. Eu sou defensor deles. Penso em priorizar as áreas de saúde, educação, administrativa e segurança. A ideia é que nós conduzamos isso até o final do nosso mandato. Foi criada uma comissão que já está em vias de concluir os trabalhos e nós vamos montar esse cronograma e executá-lo. As pessoas que hoje são comissionadas em Barcelos terão a oportunidade de fazer o concurso.

BMA: Na sua opinião, o quê que falta desenvolver, de verdade, o potencial turístico de Barcelos?

EM: Captação de recursos para investimentos em infraestrutura no setor. Fortalecer mais a parceria do Município com o Ministério do Turismo, com o governo federal. Nós entendemos que esses investimentos só vão poder se concretizar se nós tivermos, primeiro: parceiros institucionais – conhecedores com expertise no assunto. Nós temos uma carência muito forte no Amazonas de escritórios de projetos paracaptar recursos. Por isso, por exemplo, eu tive que ir ao Acre contratar um escritório, que em duas semanas, por exemplo, aprovou junto ao Calha Norte o projeto nosso do Piabódromo, arena onde brigam o Cardinal e o Acará-Disco.  Auxílio técnico seria importante para Associação Amazonense de Municípios. Temos o tucunaré, que é vedete maior da pesca esportiva. Estou convencido de que é uma cidade com vocação turística, o turismo não só representado pela pesca esportiva, mas o turismo religioso, o turismo ecológico, o turismo esportivo, o turismo etnológico, para explorar mais o viés indígena, o viés caboclo, das potencialidades que nós temos presentes ali. E nós entendemos que, protegendo essa matriz econômica que hoje se configura na pesca esportiva, os demais, naturalmente, virão nessa esteira.

BMA: Prefeito, com relação ao projeto de urbanização, em parceria com o Governo do Estado, você pode nos falar um pouco sobre isso?

EM: O governo Amazonino Mendes premiou Barcelos com R$ 8 milhões para asfaltar nossa malha viária, mas a Seinfra fez um projeto que não atendia ao que Barcelos precisava e nós tivemos muita dificuldade em ter acesso a esse projeto. Conseguimos quando a empresa montou a base em Barcelos. Procurei o projeto, e vi que o projeto tinha algumas deficiências muito sérias. Que deficiências são essas? De você colocar asfalto onde o asfalto não precisa. Imediatamente, ainda em outubro de 2018, eu entrei com o pedido de readequação desse projeto, para que a empresa fizesse o asfaltamento de acordo com a necessidade. Mas o nosso pedido não atendido e a eleição se encerrou. Neste ano, o  novo secretário permitiu uma discussão, mas nós não podemos mexer nisso sob pena de cairmos em improbidade administrativa. Resumo da ópera: nós estamos hoje com a empresa lá trabalhando nos trechos das ruas onde o projeto combina com o projeto da prefeitura. E naquilo que houver divergência, eu vou solicitar ao governador que faça um convênio para que Barcelos seja efetivamente contemplada com asfalto onde há necessidade.

BMA: Falando ainda de obras estruturais, o que o senhor ainda sonha para Barcelos?  

EM: Se queremos ser referência no mundo da pesca esportiva, temos que ter um porto decente imediatamente. É um sonho que este ano vai se concretizar. A licitação em Brasília deve estar para acontecer. O aporte é R$ 14 milhões, que nos foi conseguido graças a atuação do senador Eduardo Braga, como relator do orçamento no Ministério das Cidades, ainda no ano passado. E esse porto, vai irradiar da ponta da cidade até a escadaria da igreja. Será feita uma pavimentação com a segunda etapa da orla do município em frente a igreja. E a ideia é que em dois anos esse porto seja uma realidade em nossa cidade. Essa é uma obra estruturante fundamental para que Barcelos tenha melhores condições de atender essas demandas relacionadas não só ao turismo mas principalmente ao nosso público interno que é o nosso povo.

BMA: E a nova orla da cidade?

EM: A orla é um projeto idealizado em torno de R$ 17 milhões em frente à  prefeitura. É nova a Orla. Vai ser totalmente revitalizada, com um projeto totalmente novo e estamos contando com auxílio, mais uma vez, do senador Eduardo Braga, no sentido de emplacar este valor no orçamento, para que Barcelos tenha uma orla digna das suas necessidades, do apelo que ela representa como referencial turístico do Amazonas. Junto com Parintins, Novo Airão, Maués, Barcelos hoje é uma das cidades com o maior potencial,  o maior volume de possibilidades para alavancar o turismo em nosso Estado e essa orla seria mais uma dessas obras estruturantes que trariam para nossa cidade uma nova leitura, um novo visual, um novo cenário. Tenho a certeza de que uma vez implantada essa orla, nós iremos isolar aquela área da frente da cidade, no sentido de torná-la um passeio. Não haverá mais movimentação de automóveis. Será um passeio nos moldes do Largo de São Sebastião, por exemplo. Pretendemos descentralizar a Prefeitura dali, tornar aquele prédio em um museu e deslocar o centro administrativo para outro imóvel, que nós estamos estudando. Mas, a priori, a orla nesse momento é uma das grandes obras estruturantes que nós estamos concebendo.

BMA: Como o senhor acredita que 2019 será caracterizado pela prefeitura de Barcelos?

EM: Sem sombra de dúvidas como ‘o ano da infraestrutura’. Nós decidimos que este ano carregaremos as ações do município, os investimentos em torno da infraestrutura para atender tanto a sede do município, como o interior, com essas obras relacionadas ao porto, orla, aeroporto. A malha viária que está sendo iniciada, a iluminação pública que está sendo concluída também, a revitalização das escolas, os postos de saúde que já estão licitados, para reforma e ampliação, e retomada de obras que foram abandonadas pela gestão anterior. Os poços artesianos nos ramais, e do interior, movidos inclusive a energia solar. Escadarias, tanto na cidade como no interior. Geradores de energia para atender nossos irmãos nas comunidades. Enfim, vamos trabalhar hoje muito pesadamente no sentido de dar melhores condições de vida, mais qualidade de vida para os nossos irmãos, tanto na sede como no interior do estado.

BMA: Fale um pouco sobre geração de emprego e renda.

EM: Nós temos hoje, entre agosto e fevereiro, o período de temporada da pesca esportiva, que é o vetor econômico que emprega uma grande parte do povo de Barcelos, entre piloteiros, cozinheiras, camareiras, auxiliares… Enfim, todo o pessoal operacional envolvido na pesca esportiva tem as oportunidades de trabalhar entre agosto e fevereiro. E nós pretendíamos justamente com isso, com a solidificação desse setor, fazer com que Barcelos tivesse empresários interessados, por exemplo, na construção de hotéis. Coisa que já vemos hoje em Barcelos; hotéis novos com mais possibilidade de emprego e renda para o nosso povo. E a prefeitura é a grande motivadora disso, porque quando você paga em dia, quando você leva a sério a promoção da sua matriz econômica, representada pela pesca esportiva. Quando você atua no sentido de fomentar essa matriz econômica e os desdobramentos desse fomento se manifestarem na atração de investimentos, então você terá cumprido a sua missão de trabalhar com emprego e renda. Nós consolidamos também equipes nas áreas de saúde, por exemplo, o NASF, a equipe ribeirinha, a UBS fluvial Retomamos e conseguimos reaver equipes que haviam sido descredenciadas nas UBS, justamente pra quê? Pra gerar mais emprego a partir do aporte do ambiente das verbas federais para dar mais saúde ao nosso povo.

BMA: Como o senhor recebe a notícia de investimentos do Governo do Estado no setor primário e na produção de piaçaba?

EM: Com muita alegria. Durante a nossa campanha, o setor extrativista da piaçaba sempre esteve nas nossas conversas, sempre esteve pontuada nos nossos discursos, no sentido de resgatar o setor. O setor foi objeto de uma CPI, no congresso, que estigmatizou, com certa razão, o setor extrativista da piaçaba como, análogo a escravidão, por força de práticas seculares, de hábitos, de relações trabalhistas extremamente viciadas. Eu nunca escondi isso dos envolvidos, porque não vou ficar tapando sol com a peneira. O modelo foi extinto. Quando, na verdade, ele deveria ter sido o quê? Transformado em um modelo que permitisse o diálogo entre empresários, intermediadores e os piaçaveiros que estão lá na ponta da cadeia logística, no sentido de melhorar o setor. Hoje, a extração está marginalizada e esse anúncio veio a calhar no momento em que a cooperativa está sendo resgatada com o total apoio da prefeitura, que ajustou os débitos, que ajustou o espaço físico para trabalhar, que estará em breve, apta para fazer com que a piaçaba seja negociada diretamente com os seus clientes finais, seja o poder público, seja os empresários interessados. O governo, por meio da, Agência de Desenvolvimento Sustentável,  veio com essa proposta de criar canais para que essa produção seja escoada, dentro de um contexto que o Ministério Público Federal possa  estar presente para que ele enxergue que aquela relação viciada, em que o piaçabeiro era explorado pelo patrão, deixou de existir no momento em que a cooperativa traçará o canal de comercialização direto com o cliente final.

BMA: E já foi um setor forte?

EM: Durante muitos anos. E, historicamente, a piaçaba, como a exportação de peixes ornamentais, representou aí praticamente 70 ou 80% do PIB barcelense.

BMA: O senhor diria que se preparou para ser prefeito ou foi algo que aconteceu?

EM: Eu diria que foi algo que aconteceu por intuição. Eu tenho uma carreira pública desde 1995. São 24 anos de vida pública, como professor da Seduc, como policial civil, como servidor do Ministério Público. Sempre gostei de estar envolvido com o tema público. Sempre fui um cara muito envolvido com a questão partidária, das instituições, dos problemas locais, regionais, em nível de Brasil e de mundo. Sempre fui um leitor muito assíduo de política, economia, ciência política, até para a minha formação de sociólogo. Foi uma caminhada muito intuitiva. As coisas foram naturalmente se articulando no sentido de eu viabilizar o meu nome como candidato a prefeito.  Como dizem, né: filho de peixe, peixinho é.

O que eu pretendo é terminar esse primeiro mandato dignamente, entregando uma cidade melhor para o nosso povo. E se o povo decidir, ou sinalizar, né, que eu deva continuar nessa missão, eu continuarei. Se não, já estarei feliz com aquilo que realizei e ainda vou realizar até 2020. (Edson Mendes – Prefeito de Barcelos)

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