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Passados dois anos da onda que elegeu governadores, senadores e deputados, a associação ao nome do presidente Jair Bolsonaro deixou de ser uma vantagem eleitoral na disputa pelas prefeituras das principais cidades do Brasil. Nas dez maiores capitais do País a maior parte dos candidatos ligados ao bolsonarismo está no pé da tabela das intenções de voto ou tem escondido a figura do presidente para evitar a queda nas pesquisas.

Em Manaus, Porto Alegre, Belo Horizonte, Belém, Curitiba e Salvador os candidatos associados ao presidente não chegam aos dois dígitos nas sondagens mais recentes. Em São Paulo, Bolsonaro foi retirado do jingle da campanha de Celso Russomanno (Republicanos), embora, anteontem, tenha se encontrado com o candidato. No Recife, o presidente sumiu da campanha de seus aliados. Em Fortaleza, o líder das pesquisas, Capitão Wagner (PROS), agradece ao aceno feito pelo presidente, mas se define como "independente".

No berço político de Bolsonaro, o Rio, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) colou sua imagem à do presidente e foi recebido para um café da manhã anteontem. Mas enfrenta dificuldades na campanha e corre o risco de ficar fora de um eventual segundo turno. Além do mau desempenho da maior parte de seus aliados, Bolsonaro procurou intensificar sua participação nas campanhas municipais e gravou vídeos para aliados como Crivella e Russomanno.

Pesquisas do Ibope mostram que a taxa de reprovação do presidente é maior que a de aprovação em oito das dez maiores capitais brasileiras.

Para o cientista político José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo (USP), o possível arrefecimento da onda bolsonarista pode ser reflexo de uma insatisfação com o presidente que não é tão nítida nas pesquisas nacionais sobre a avaliação do governo. "O que está ocorrendo é um movimento clássico: quando o eleitor tem a oportunidade de avaliar o governo, menos no sentido imediato, do dia a dia, e mais no médio e longo prazo, ele aproveita essa ocasião, se não está satisfeito, para mudar o governo."

Moisés compara esse movimento ao que ocorreu com o PT em 2016, após a Lava Jato e o impeachment de Dilma Rousseff. "Na primeira oportunidade que teve, o eleitor varreu o PT do mapa", disse o professor.

A socióloga Esther Solano, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Complutense de Madri, que tem entrevistado desde 2015 o eleitorado de direita, ressalta que, apesar da rejeição à figura de Bolsonaro, a agenda bolsonarista continua forte. "Tem uma diferença entre a personagem e a pauta. E a pauta continua muito forte."

Fonte: Notícias Ao Minuto

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