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De repente o showbiz ficou triste. E os palcos do teatro mergulharam nas sombras, quando os holofotes se apagaram. Morreu a atriz Rogéria, aos 74 anos, na noite de segunda-feira. Rainha do alto astral, Rogéria deixou o país inteiro triste. Em meio à legião de admiradores, duas figuras de Manaus que, em algum momento de sua vida, viveram passagens inesquecíveis com Rogéria: o estilista Bosco Fonseca e o colunista social Carlos Aguiar.

Bosco Fonseca era amigo pessoal de Rogéria e em 1980 fez um vestido para o baile Gay Fantasia, onde a “travesti da família brasileira”, como se entitulava, brilhou mais uma vez.

— Estou muito triste. Rogéria seria minha convidada no final do ano para o lançamento do meu livro de moda – conta o estilista, lembrando que Rogéria tinha o dom de “iluminar a sala em qualquer lugar que ele fosse, levando sua alegria, humor e luz, que só as pessoas iluminadas possuem”.

O estilista lembra que a primira vez que encontrou Rogéria foi em 1979, no primeiro Gala Gay de Manaus, um dos mais famosos e festejados bailes de carnaval da cidade.

— O gala gay era a grande novidade do carnival naquele ano. Estava sendo lançado em Manaus, promovido por mim e pelo Eurico, no clube Sírio Libanês. Tendo Rogéria como principal atração, o Gala Gay foi um dos maiores sucessos do carnaval de 79 –, lembra Bosco.

Rogeria inaugurou o Gala Gay em Manaus em 1980

Para Carlos Aguiar, Rogéria era um ser humano especial e seu “talento será sempre aplaudido, porque ela fez história nos palcos, nas TVs, nas boates e casas de shows por esse Brasil afora”.

— Eu a conheci fazendo uma entrevista para a TV, quando a levei, toda produzida para navegar nas águas do Rio Negro num pequeno barco, ela fez tremendo sucesso, falou do seu show e tirou muitas fotos. O Brasil perdeu uma grande estrela – disse o jornalistas.

A jornalista Mazé Mourão tamém guarda boas lembranças de Rogéria. E até guarda com carinho fotos do empresário amazonense Zeca Nascimento, em janeiro deste ano, passeando com Rogéria pelo Leme, no Rio de Janeiro, a caminho do restaurant Shirley. “Eles eram grandes amigos O Zeca está triste”, comenta.

Rogéria cumpriu sua missão no planeta Terra. Sempre na vanguarda, era uma revolucionária e deixou um legado de lutas pelos direito LGBT e das mulheres. Costuma falar uma frase que traduzia com precisão a as personalidade: “Eu não levanto bandeira, eu sou a bandeira”.

“Neste momento tão careta e com todos querendo levantar bandeira disso e daquilo, a Rogeria fazia com classe, inteligência, arte, música, interpretação, mas, nunca sem desrespeitar ou chocar ninguém. Se fazia ser respeitada pelo seu trabalho, tinha caráter, respeito ao próximo. Foi desbravadora e nunca se sentiu melhor por isso. Merece todos os créditos de grande estrela. Deixa um legado de dignidade e prestígio incontestável junto a classe artística que ela tanto amava e respeitava. Uma pena, um cabelão inesquecível, de diva. Amava!!!!”

(Alexandre Prata, colunista)

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