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Secretária de Educação divulga carta aberta. Leia

A secretária municipal de Educação, Kátia Schweickardt, divulgou, na manhã desta sexta-feira, 29/09, uma carta aberta aos professores da rede municipal de ensino.

Em duas laudas ela fala sobre os avanços conquistados pela Semed nos últimos três anos e sua impressão dos fatos que têm acontecido.

Katia tem sofrido muito nos últimos dias e quem a conhece pessoalmente sabe que ela não merece passar por isso. É alguém que pensa “fora da caixa” e que trouxe, sim, avanços para a educação – o mais expressivo deles é o avanço no ranking do Ideb, colocando Manaus como destaque nacional no ensino de base.

Talvez o fato de Katia ser pouco política incomode tanto os adversários. Aliás, muitos deles nunca a procuraram para discutir o que realmente importa, a EDUCAÇÃO. Sempre bateram em sua porta para pedir cargos ou tentar negociar outra coisa.

A César o que é de César.

Leia a carta aberta:

Desde que entrei na Semed, há quase três anos, minha gestão tem sido voltada para a melhoria da qualidade da educação pública municipal de Manaus. E não nego que tínhamos e temos ainda muitas limitações e desafios. Ao mesmo tempo, percebi de pronto a qualificação e o compromisso da maioria dos servidores da Secretaria, para empreender a missão de mediar uma das políticas públicas mais complexas, e que revela a fragilidade da compreensão de que o governo não é o único responsável pelo seu sucesso.

Toda política pública efetiva precisa ser de Estado e não de governo, e para tal, a sociedade civil organizada deve para ela contribuir com sua parcela de comprometimento e responsabilidade. Como uma das primeiras providências, capitaneamos um Planejamento Estratégico e nele pactuamos nossa missão que define dois braços poderosos como protagonistas do nosso sucesso, nossos professores e nossos alunos, sendo para estes últimos que verdadeiramente trabalhamos.

Por isso, diferente de outras gestões, e como professora de sala de aula que sou, tornei a frente de trabalhos pedagógicos a mais importante, por meio da Subsecretaria de Gestão Educacional, liderada por uma pedagoga de carreira da SEMED, e formadora por vocação. As demais Subsecretarias, fundamentais também para a gestão, tornaram-se coadjuvantes e a serviço do processo.

Essa correção fina de rumo teve como foco ações que de fato impactassem no aprendizado de nossas crianças e, paralelamente, na valorização dos professores, que são os verdadeiros protagonistas e mediadores da política social educacional. Em cada entrevista, no meu perfil das redes sociais, em visitas a escolas (que foram muitas), encontros formativos, reuniões com parceiros ou mesmo com a nossa equipe, sempre destaquei a importância dos docentes, de mantê-los motivados e do respeito que sinto por aqueles, que assim como eu, amam o que fazem, dão a vida nas salas de aula e fazem acontecer um trabalho de qualidade a despeito de todas as dificuldades.

Me empenhei em repactuar ou mesmo encerrar contratos e passei a valorizar o potencial formativo de nossos próprios professores.

Com todo esse trabalho de focar nas nossas prioridades avançamos consideravelmente nos nossos índices educacionais, em meio a maior crise financeira do país nos últimos 90 anos.
Esse mérito não é apenas da minha liderança e perfil técnico. É do esforço conjunto de uma grande equipe, formada de profissionais que como eu, não se escondem atrás das dificuldades, e fazem a escolha diária e resistente de promover a transformação social por meio do potencial do processo ensino-aprendizagem na sala de aula, nossa militância.

Colocamos em segundo plano a Sociologia das Ausências, sem desconsiderar a necessidade de muitos investimentos, pelos quais tenho lutado incessantemente. E nos tornamos propagadores da Sociologia das Presenças, aquela que procura ocupar os espaços para promover políticas públicas sérias, aquela que procura fazer mais com menos, e sobretudo aquela que promove os talentos e dá visibilidade e voz aqueles que tem feito verdadeiras revoluções em suas salas de aula ou no chão de suas escolas.

Quando falo em melhorias nos índices educacionais de Manaus, não me refiro apenas ao Ideb, mas sim das expressivas melhorias que alcançamos na redução do abandono escolar, na elevação da aprovação com melhoria na proficiência de nossos alunos, na queda da distorção idade-ano, no cumprimento do currículo (que quando cheguei na rede era de apenas 67% durante o ano letivo), dentre outros.

Por conta de todo o trabalho que desenvolvemos juntos, fomos reconhecidos nacionalmente. A educação pública de Manaus se tornou ‘case’ por nossas estratégias, mas sobretudo pelo mérito de nossos mais de 8000 professores de sala de aula.

Por isso, nos momentos mais difíceis da economia, priorizamos os salários em dia, os reajustes, a ampliação das ofertas de formação de acordo com a real necessidade da rede, convocamos aprovados em concurso público, garantimos benefícios, homenageamos, conversamos e rimos juntos.

Nas últimas semanas, começaram a circular na internet montagens dizendo que havia chamado os professores de criminosos. No primeiro momento, preferi não comentar a respeito, porque não referi à palavra ‘criminoso’ aos professores e achei que logo entenderiam. Durante a entrevista coletiva, abordei que considerava criminoso sim o ato de políticos mobilizarem professores a deixarem seus alunos sem aula para fazer palanque político para o próximo ano eleitoral.

Distorceram perversamente o que eu disse. Não fui procurada para o diálogo, que a meu juízo sempre foi a melhor saída para os embates e diferenças na arena pública. E pior do que isso, desqualificarem todo o trabalho e o esforço que uma grande equipe tem feito nesses últimos três anos para edificar uma política educacional mais efetiva com foco no processo ensino-aprendizagem. Não houve nenhuma referência ao quanto estamos conseguindo fazer nossas crianças aprenderem mais e melhor apesar das adversidades.

Parece que Educação pouco importa ao debate. E isso me entristece e até me causa indignação, porque é para isso que chego a dedicar jornadas de trabalho de até 12h por dia, deixando de lado meus filhos adolescentes, para lutar por um futuro melhor para milhares de outros adolescentes e crianças que sem o nosso cuidado e dedicação profissional e técnica não teriam futuro.
Todo o trabalho que nós temos feito à frente da Semed, sim nós, professores, gestores, pedagogos, administrativos e equipe técnica, é muito maior do que a Prova Brasil. Representa o futuro das crianças e adolescentes manauaras. Representa a verdadeira transformação social que vai nos levar a uma sociedade melhor, mais aberta ao diálogo, mais respeitosa com a diferença e com a diversidade.

Sigo aberta ao diálogo, solidária, fraterna e grata à convivência e ao aprendizado recíprocos junto aos nossos mais de 12000 professores da rede municipal de Educação que, como eu, escolheram a sala de aula como o lugar revolucionário da edificação do novo homem e da nova mulher que nossa sociedade, tão adoecida, almeja.

Abraços fraternos, Kátia Schweickardt

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