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Dezembro é um mês que sempre traz grandes lembranças da minha infância, lá na Cachoeirinha. bairro pobre nos anos 1960, formado em sua maioria por trabalhadores. Quando a folhinha de novembro começava a acabar, o dia amanhecia cinzento, escurecia mais rápido e a chuva começa a bater na janela, deixando a gente com uma preguicinha danada, até porque o ano letivo já tinha acabado.

Quem tinha levando bomba na escola tinha que estudar pra fazer a chamada prova de 2a época, mas, quem já tinha passado de ano como eu, tinha que procurar o que fazer. molecar na rua não podia, por causa da chuva. e era aí que eu corria pra fazer o que gostava mas: desenhar quadrinhos!!!

Meu querido amigo, que na verdade é meu irmãozinho até hoje, Simão Pessoa, dividia essa paixão pelas HQs comigo. no nosso imaginário e criança, criamos a editora infantil e criávamos nossos próprios personagens. Para cada universo do gibi de verdade, tínhamos nosso próprio herói. na era da Távola redonda, por exemplo, criei o arqueiro do rei Arthur “York Tell”. Simão criou Sr. John; para as aventuras no estilo Tarzan, criei Tabú e Simãozinho Hur. Para o velho e bom faroeste, da minha caneta esferográfica BIC saiu Kid Comanche. Simão criou Kid gatilho. mas não poderia nunca faltar um super-herói, no estilo Superman. Desenhei Supremo e o Simão deu vida ao Herói.

Aí, no intervalo para um Nescau quente ou um copo de Ki-Suco, fazíamos um “pacto de cavalheiros”. Até a véspera de natal, teríamos que lançar, no mínimo cinco gibis. o prazo acabaria à meia noite. e assim, passávamos os dezembros de nossa infância desenhando em rolos de papel de Telex – sobras que o seu Simão, o pai do Simãozinho, trazia da refinaria Copam, onde trabalhava.

Como o Simão desenhava mais rápido que eu, ia para minha casa na noite do dia 24 para acelerar os meus quadrinhos. Quando o tempo apertava, o jeito era meter comercial do chiclete Ploc, porque era fácil de desenhar. Bastava riscar uma bola com olhos nariz e uns fiapos de cabelo, que era a cabeça do moleque, com outra bola róseo presa à sua boca, que era o chiclete. e aí o gancho era ”Com Ploc você faz ploc!”. enchíamos o gibi de anúncios e a missão estava acabada.

Depois apertávamos as mãos e saíamos, felizes, para curtir o natal com presentes simples – que nossos pais compravam com muito sacrifício –, sanduba de pernil, lascas de peru com farofa, guaraná magistral, rabanada, músicas do Renato e Seus Blue Caps e olhares tímidos para as menininhas mais bonitas da rua. A época de natal é mesmo linda, não é mesmo curumins?

VEJA AQUI O CURUMIM VEICULADO NESTE DOMINGO, 12 DE DEZEMBRO

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